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Morreu Moniz Pereira, o "Senhor Atletismo"

Moniz Pereira estava internado no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, onde faleceu aos 95 anos, com uma pneumonia
01/08/2016

Morreu Mário Moniz Pereira, o treinador do Sporting que ficou conhecido como o “Senhor Atletismo”. O anúncio da morte foi feito nas redes sociais pelo Sporting. Moniz Pereira estava internado no Hospital Curry Cabral, em Lisboa, onde morreu, aos 95 anos, com uma pneumonia.

O antigo atleta e treinador de atletismo era o sócio número 2 do Sporting, clube ao qual dedicou grande parte do seu esforço pela promoção e desenvolvimento daquela modalidade. Foi treinador de atletas como Carlos Lopes, Fernando Mamede e os gémeos Castro e, mais recentemente, de Francis Obikwelu ou Naide Gomes.

Ao todo, esteve presente em 12 Jogos Olímpicos. Começou e acabou em Londres, entre os Jogos Olímpicos de 1948 e 2012.

O momento mais alto da sua carreira enquanto treinador foi a vitória de Carlos Lopes na maratona dos Jogos Olímpicos de 1984, em Los Angeles. Nessa altura, já levava quase quatro décadas como treinador de atletismo.

Ao longo da sua carreira de treinador, foi especialmente persistente na sua demanda de elevar o nível do atletismo português. “Tinha gosto em que Portugal tivesse atletas de categoria internacional e toda a gente dizia que era maluco”, lembrou, na mesma entrevista de 2013. “E eu respondia: ‘Julgam que somos diferentes, mas não somos. Deem-nos possibilidades de demonstrar´”, costumava dizer. Até àquele fatídico 12 de agosto de 1984 em que Carlos Lopes subiu ao pódio em Los Angeles, teve sempre o mesmo sonho: “Que um dia um atleta treinado por mim vá aos Jogos Olímpicos ganhar a medalha de ouro e que eu ouça o hino português ouvido em toda a parte do Mundo”.

Já nos seus últimos anos de vida, era com regularidade que demonstrava desagrado com o estado do atletismo português. Muitas vezes dizia que Portugal vive uma “ditadura futebolística”. Não é que não gostasse de futebol, tanto que foi preparador físico da equipa principal de futebol do Sporting que veio a ser campeã nacional em 1970/71. O problema era antes a falta de espaço que sobra para os outros desportos.

Além do atletismo, onde era profissional, era-lhe reconhecido mérito como compositor de fado e letrista, que exercia com fulgor de um amador empenhado. Foi o autor mais de 120 sucessos, entre fados e canções, que compunha no piano, que foi uma herança de família. Nos estágios, tocava piano relaxar os seus atletas. 

 

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